08/10/2012

OS BRAZUCAS EM BUENOS AIRES (Argentina parte III)

    Neste momento , após 6 mês  vivendo na residência universitária e estar cursando o CBC (o curso de ingresso da faculdade)   , pude traçar um perfil inicial dos brasileiros que estavam em Buenos Aires a fim de  estudar medicina . Uma característica que sempre percebi nestes brasileiros é que têm um histórico de frustração muito visível , e a medida em que os conheço, se torna mais nítido e triste. A grande frustração é a da derrota no vestibular das faculdades brasileiras. Invariavelmente ,o motivo que leva  todos a estudar na Argentina é o fato de terem sido derrotados pelo vestibular. Nenhum brasileiro sai do seu país rumo ao  vizinho em busca de um melhor nível de educação. São todos fugitivos do vestibular.
    Como já  contara anteriormente, meu primeiro contato com brasileiros foi na residência onde vivi. Eram pessoas de todas as partes do país: norte, sul, sudeste, nordeste; gente com culturas muito diferentes, mas com o mesmo objetivo, o de se formar médico. Ao conversar com estas pessoas, sempre lhes perguntava sobre a preocupação do retorno à terra natal, pois o diploma argentino não é aceito no Brasil. Neste caso, havia dos tipos de respostas, uns estavam ali para fazer uma ponte , ou seja, estudar algum tempo nas faculdades estrangeiras e depois se transferirem ao nosso país.  Por outro lado,  há os sonhadores , estes são uma minoria que querem se formar nas faculdades argentinas e depois tentar a revalidação do diploma .  Em relação à revalidação,  tenho que fazer uma rápida explanação sobre o assunto.   Hoje em dia, qualquer pessoa que se forma em medicina fora do Brasil e quer trabalhar no país tem que passar por um exame muito difícil.  Para se ter uma ideia , numa prova feita em 2011, de 677  inscritos somente 65 aprovaram , os outros 612 não têm condições de exercer a profissão no Brasil. A maioria dos médicos que se formam em terras estrangeiras tentam  a opção de trabalhar no país onde se formaram  , ou tentam  esta difícil revalidação no Brasil. Há uma outra opção pouco aconselhável , mas que muitos a escolhem , que é a de trabalhar clandestinamente em alguma cidade do interior do país.

MATÉRIA DA REVISTA VEJA SOBRE O ASSUNTO

    Conversando com os brasileiros , a maioria oriundos do interior do país , tive uma nítida impressão de que buscavam na medicina um meio de ascensão social, pois  um médico no interior do  Brasil ganha muito bem, não importa a competência que este profissional venha apresentar. Conheci uma menina de uma cidade do interior do Paraná , que me contava que de seus colegas dos tempos de colégio , uns 60% escolheram fazer medicina , e nesta busca desesperada,  alguns tiveram que ir a terras argentinas ou bolivianas.Vocação?? Tenho minhas dúvidas.
    Voltando à faculdade, em geral os brasileiros encontram muita dificuldade já no inicio da carreira, e o idioma é  um dos principais obstáculos.  As assessorias, em geral, vendem no "pacote" um cursinho de espanhol de 3 semanas. 3 semanas?! Isso mesmo, aprenda espanhol em 3 semanas!! Não é de se estranhar que o nível do espanhol de quase todos os brasileiros que encontrei por Buenos Aires seja tão baixo, praticamente falam português com um sotaque espanhol, é algo medonho. Então você se pergunta, e como os argentinos lhes entendem? Bem, os argentinos são um povo maravilhoso  e muito paciente , sobretudo quando se trata de brasileiras.

     As garotas, como os argentinos gostam de se referir às  brasileiras , são muito bem tratadas em Buenos Aires. Existe algo impressionante que constatei , todas as brasileiras que conheci em terras portenhas , e não foram poucas, estiveram com no mínimo (as mais virgens) 3 argentinos e,  quando lhes perguntava o porquê de tanta atração pelos hermanos ,  diziam- me  que " eles são os mais lindos" . Não foram  raras as vezes em que conheci brasileiras, entre 18 e 20 anos  ,  que haviam perdido a virgindade com argentinos. O pior é que muitas dessas começavam com um , passavam a outro e não paravam mais. Ao falar com uma argentina sobre uma brasileira, é normal que te digam: " são todas putas". Juro que tentava defender minha patrícias, mas contras os fatos , como argumentar?   E se o leitor quer mandar sua filha para estudar na Argentina, saiba de antemão que seu bebê vai virar " comidinha de argentino".
    Era a primeira  experiência de viver sozinha de muitas destas meninas que se viam perdidas com tanta liberdade. O fato de poderem  sair todos os dias , transar sem compromisso e  usar drogas ( o uso da marijuana é muito comum nas casas e festas de estudantes em Buenos Aires)  é algo novo e que leva estas jovens para um caminho de perdição.  Nunca em minha vida tinha visto tanta gente ser enganada, como foram  os pais destas meninas. Muitas mentiam descaradamente. Tenho o  exemplo de uma que conheci e que dizia para seus pais que estava  vivendo em um apartamento com amigas, quando na verdade, vivia com seu namorado ,o qual acabara de conhecer em uma boate portenha. Quais destas garotas teriam a liberdade de dormir com o namorado ou viver com este estando na casa de seus pais? Nenhuma!
    Em relação ao CBC , nos primeiros 6 meses cerca de 90% dos brasileiros desistem e voltam à terra natal. Existem muitos motivos que os fazem voltar, entre estes o principal é o banzo ( sentimento dos negros africanos chegados ao Brasil ) . Por outro lado, o CBC não é fácil  . Ter de estudar em outro idioma e não poder reprovar nenhuma matéria  é algo muito pesado. O ciclo básico funciona da seguinte forma; está dividido em dois quadrimestres  com 3 matérias cada um : sociedade argentina, matemática e química no primeiro ; e biofísica, biologia e filosofia no segundo.  Nessas matérias tive duas provas , não podia tirar menos que 4 , sob a pena de ser reprovado diretamente, e ser reprovado  significa perder 1 ano ( para passar ao segundo ano tem que aprovar todas as matérias do primeiro). Um problema é que o 4 argentino equivale a 60% de acertos em uma prova . Que louco ,não?  O sistema de avaliação argentino é muito diferente do nosso , ter um 4 na Argentina é o mesmo que ter um 6 no Brasil , e  as assessorias insistem em dizer, nas suas explicações para vender seus "pacotes" , que para aprovar um parcial ( é como os argentinos chamam seus exames), basta tirar um 4 . É uma grande mentira disfarçada.
     Apesar da UBA ser uma faculdade pública e grátis , é muito difícil que um brasileiro consiga aprovar em todas as matérias sem contar com um cursinho de apoio onde o aluno recebem um reforço das aulas que supostamente tivera na faculdade. A mensalidade de um bom curso de apoio sai por $ 600,00 ( R$ 300,00) , e nesses cursos, o aluno tem aula com os professores da própria faculdade, muitos dos quais não recebem salário na instituição de ensino ,e veem ,nestes cursos, a oportunidade de ter alguma receita . Muitos alunos sequer vão à faculdade , pois as aulas do CBC, na maioria das vezes, não são de boa qualidade , e as salas estão sempre lotadas.
    Existem inúmeras faculdades privadas na Argentina, que por sinal são as que mais atraem os brasileiros. Primeiramente por que estas faculdades não exigem nenhum curso ou exame de ingresso que se compare ao vestibular , e somado a isso ,o fato dos preços serem muito menores comparados aos das faculdades brasileiras . A mensalidade de uma faculdade muito procurada por brasileiros em Buenos Aires custa cerca de $1600,00 (R$ 800,00) , nada que se compare aos R$ 5000,00 pedidos no Brasil. E o melhor desta história é que, nesta faculdade, o primeiro ano ou curso de ingresso pode ser feito em 3 meses, sem concorrência. Imagina estudar medicina sem vestibular e a preço de banana. Bem , já ouviram falar num metal chamado pirita? Não?! A pirita é um metal brilhante de cor amarelo-dourado sem nenhum valor comercial , mas muito parecido ao ouro. Por isso o ditado :  nem tudo que reluz é ouro.

Na próxima postagem, falarei sobre o altíssimo custo de vida em Buenos Aires e  algumas verdades a respeito da  Universidade de Buenos Aires...
    

13 comentários:

  1. Gostei deste post tb. To te seguindo como novela rsrsrs

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  2. Só não entendi a revolta no comentário sobre as mulheres brasileiras... por acaso os homens brasileiros não saem a torto e direito com as argentinas? Que machismo! Vai ver elas não sabiam que deviriam se preocupar com o que você pensa.. que deveriam pedir-lhe autorização para passar uma noite ou viver um romance com um argentino.

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  3. Tudo verdade viu, gente ? Eu moro aqui desde 2008 e passei pelo processo da Uba mas optei por uma particular , A Uba é dificil e tem os mesmo problemas que as faculdades publicas no Brasil ( greve, falta de estrutura , falta professores, etc ...)

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  4. Parabéns pelas publicações, consegue passar toda sua vivência com bastante clareza. Como sugestão (se é que não já está fazendo isso...), poderia organizar os posts na forma de um livro, com certeza seria bastante consultado.

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  5. tudo verdade! e muitos dos rapazes que vem, acabam se assumindo homossexuais aqui, a quantidade de homossexuais é bem grande na cidade, e os brasileiros acabam se acostumando e gostando da ideia. Moro com um ser que diz ser católico mas libera geral

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  6. Concordo quanto as mulheres brasileiras e os argentinos, mas as argentinas e os brasileiros tb, vamos combinar.....elas são loucas por nós, e atrevidíssimas! Impressionante. E têm uma tara pelo idioma portugues, principalmente o falado com sotaque carioca, que Deus me livre.....é impressionante.

    E tb concordo qto a cairem em conto do vigário. O argentino é muito malandro e engana facilmente, principalmente essas meninas bobas que vao pra lá.

    eMas a verdade é que nos , brasileiros, somos muito bem tratados na Argentina. E as argentinas tambem usam a expressão "GAROTO" pra se referir a nós

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  7. Tb concordo qto ao motivo, que é a falta do vestibular, e o fato de a maioria dos brasileiros aí serem frustrados, as vezes com depressão e sensação de fracasso.

    Essas empresas que levam brasileiros pra Argentina são um asco, mentem na cara dura, são nojentas, bandidas. Aproveitam-se da falta de expectativa dos outros qto ao seu proprio futuro.

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  8. Mas uma coisa precisa ser dita, pq é verdade: os argentinos são - ao contrario do q se diz - um povo maravilhoso, amigável, hospitaleiro , não te deixam sozinho, enfim, são mesmo mto bons.

    Só lamento pelo governo que tem, que destroi o país, mas o povo é mesmo muito legal. E nós brasileiros somos super bem tratados, isso é fato! Nunca conheci um brasileiro mal tratado em Bs As!

    O mesmo infeizmente não se pode dizer dos paraguaios, peruanos, bolivianos, chilenos, esses aí são mto discriminados. Mas nós brasileiros nunca!

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  9. Concordo, os brasileiros que vem fazer medicina aqui são realmente frustados por natureza.

    95% deles não sabem nada de espanhol, pra começo de conversa.

    São pobres coitados, que acham que em algumas semanas vão aprender o idioma do nada, e poder fazer a faculdade sem problemas.

    Sem contar os que não estão nem aí pra nada, que vêm aqui apenas pra balada e pra putaria em geral.
    Nesse caso, tenho pena dos pobres pais, iludidos, que pagam pro filho fazer isso.

    Daí o que acontece? O frustado fracassado, fracassa mais uma vez e não consegue passar na UBA.

    O que, em muitos casos, ele faz? Joga a culpa na universidade, nos professores, nos argentinos, no clima, no sol, na lua, etc.

    Sempre é mais fácil culpar um terceiro por um fracasso pessoal.

    Depois eles saem, vão pra Barceló ou outra faculdade pão com bosta, pra tentarem sair de outro fracasso.


    Só digo uma coisa: Espero nunca ser atendido por esses futuros "médicos"

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  10. gostei muito, gostaria de saber do que eles acham das mulheres negras brasileiras pois sou negra e sou muita assediada pelos Argentinos.

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  11. Seguindooo...

    Uma coisinha só. Não achei legal quando vc disse "saiba de antemão que seu bebê vai virar " comidinha de argentino", creio que nem todas passam por isso, claro que a muitas saem da toca e a liberdade falam mais alto, mas isso vem do carácter de cada um. Mas continuando.. interessante a história.

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