Nesta postagem faço uma pausa na minha saga por Buenos Aires para contar um pouco sobre religião....
Durante o período de campanha eleitoral, li diversas reportagens sobre os candidatos e a verdadeira salada mista de partidos políticos que existe hoje no Brasil . Aliais ,campanha eleitoral tem tudo a ver com o espírito natalino nas festas de fim de ano, onde inimigos mortais no passado aparecem abraçados e apoiando um ao outro. Todas as magoas caem num mar de esquecimento.Vale tudo pelo poder.
Mas sem duvida, o que mais me chama atenção é quando a igreja resolve entrar nesse jogo de poder. Quando digo igreja , quero dizer a cristã, seja católica ou evangélica, sobretudo a segunda , que é a mais "fervorosa" quando o assunto é política e poder. Tudo bem que os pastores tenham predileção por um candidato , afinal os lideres evangélicos também são cidadãos , e pela nossa democracia, têm direito ao voto e a expressar livremente suas opiniões. Um dos problemas está quando tentam justificar suas escolhas, isso porque as fazem baseando-se nas suas fés. Muitos dizem, " não votarei no candidato X, porque ele é a favor do aborto" ou " votarei no candidato Y, porque ele é contra o casamento dos homossexuais" . Como se um candidato a um cargo como a presidência da república pudesse resumir-se a estar a favor do aborto ou não, estar a favor do casamento gay ou não. E a economia da nação? E a saúde? Educação? Bem... São temas secundários. Se estes religiosos expressassem suas " brilhantes" opiniões nas suas casas , ou até mesmo nos seus círculos de amigos , seria perfeitamente aceitável, mas não, eles usam os púlpitos das igrejas.
Para um evangélico , na maioria dos casos, quando um líder religioso sobe ao púlpito, ele deixa de ser uma pessoa comum e passa a ser um mensageiro de Deus. E , se o pastor está mandando você votar no candidato X , é porque este político é o melhor ,segundo o Todo Poderoso. Isso quando o próprio pastor ou bispo não se candidata ao cargo, o que é muito comum na política brasileira. De volta as reportagens do período pré-eleitoral , percebi que havia dois candidatos em uma certa cidade concorrendo ao mesmo cargo, nada anormal dentro de uma democracia. O estranho é que cada um destes candidatos recebiam apoio de pastores de diferentes denominações evangélicas. Então a gente se pergunta , estará o Criador indeciso? Ou em uma igreja, Ele fala uma coisa ,e em uma outra, já tem opinião diferente? O mais provável é que o Santíssimo não tenha nada a ver com isso e, que na busca pelo poder, é cada um pelo seu e Deus por todos, ou por nenhum.


A Sede pelo poder nas igrejas evangélicas não se limita apenas as eleições , existe uma disputa dentro das próprias igrejas. Todos querem ser pastor, é uma meta a ser alcançada . Frequentei por muito tempo uma igreja evangélica no bairro do engenho novo, na cidade do Rio de Janeiro, e neste lugar presenciei um episódio no mínimo curioso. Após ouvir diversos sermões aos domingos pela manhã , aprendi que antes de uma decisão teríamos que escutar a voz de Deus. Na própria bíblia, há diversos casos de homens que foram felizes em suas escolhas por haverem escutado a Jeová . Pouco tempo antes de deixar de frequentar esta igreja, houve uma mudança radical conduzida pelo bispo local. Até este momento, a igreja fazia parte de uma espécie de denominação, na qual a matriz dava as diretrizes para as afiliadas. Um domingo pela manhã , o bispo subiu ao púlpito como de costume para falar ao povo ,e comunicou às suas " ovelhas" (assim são chamados os fiéis das igrejas evangélicas ), que havia se desligado da matriz e que iria fundar uma nova denominação. Por mais que os fiéis sejam submissos a seu líder, alguns completamente cegos em obediência, sempre pode haver uns "rebeldes" que viriam a perguntar, o porquê de tal decisão. O bispo se justificou dizendo, " ter escutado a voz de Deus". Porém o líder religioso foi democrático, e deixou em aberto a opção de que, se alguém não concordasse, poderia escolher a outra igreja. A maioria dos fiéis seguiu o bispo. Mas , e os pastores? Aqui começa o problema. Os pastores também seguiram o bispo e usaram a mesma justificativa de seu líder, " tinham ouvido a voz do Todo Poderoso" . O bispo então se foi a uma outra sede, deixando esta igreja sob responsabilidade de seus pastores-discípulos. Até este ponto, nada de mau. Parei de frequentar a tal igreja , resolvi não seguir religião nenhuma, para mim, todos haviam caído em descrédito total, tal qual os pastores-políticos nas vésperas das eleições . Permito-me abrir um parênteses, e dizer que Deus nada tem a ver com homens e instituições, está muito acima disso tudo.
Tempos depois ,encontrei um amigo que seguia frequentando a igreja no engenho novo , e lhe perguntei como andavam e , para meu espanto total , disse-me:
- O pastor falou com Deus e resolveu filiar a igreja novamente a matriz original.
Como assim?? E o bispo?? Mas este pastor já não tinha perguntado a Deus antes??
Difícil explicar, alias explicações que eles devem ao Altíssimo. O pior é que ao desfiliar-se da matriz , a igreja ganhou um novo nome na sua fachada, e ao refiliar-se voltou com o nome original. Imagina o que não passou pela cabeça dos que estavam acostumados a passar todos os dias pela entrada do templo. Em tempos de capitalismo selvagem , não é privilegio dos bancos mudarem de nome da noite para o dia . Tudo isso me fez lembrar dos sermões que havia escutado destes próprios pastores por anos da minha vida aos domingos pela manhã, nos quais, sempre diziam, " antes de qualquer decisão, escute a voz de Deus".
Já o bispo ficou sem a igreja do engenho novo, refugiando-se em outra sede com um dos pastores que o haviam seguido, mas pouco tempo depois, acabaram desentendendo-se.
O pastor então pediu sua demissão , "ouviu a voz de Deus " e fundou sua própria denominação em outro lado.
O pastor então pediu sua demissão , "ouviu a voz de Deus " e fundou sua própria denominação em outro lado.
Mais óbvio de que a Deus não se engana, só o fato de que com Ele não se brinca.
Nas próximas postagens, continuarei com minha saga na Argentina....
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